24 - Sepultura
- AQUILO É O QUE EU ESTOU PENSANDO? – SUSSURROU ALICE.
- Eu realmente espero que não... – respondeu Edward.
- Gente! – gritou Claire, que vinha correndo em nossa direção.
- Claire, onde você estava?! – perguntou Carlisle – Nós ficamos preocupados!
- Desculpem-me, mas eu estava em perto uma casinha e encontrei uma coisa que vocês não vão gostar – ela assinalou.
- Essa casa não fica naquela direção – Carlisle apontou para a nuvem de fumaça. Dois dedos apontando para o mesmo lugar –, fica?
- Eu receio que sim... Mas antes, deixem-me contar o que me aconteceu.
“Quando estávamos no táxi e os lobisomens atacaram, um deles arrancou meu braço e eu fiquei desorientada. Depois disso o táxi bateu e explodiu. Eu fui arremessada para fora e quatro lobisomens me arrastaram para longe de vocês. É uma sensação estranhíssima ter o braço arrancado, não chegou a doer; apenas uma queimação, mas fiquei tonta e confusa. Consegui me desvencilhar dos lobisomens tirando a gravidade ao redor deles. Recuperei meu braço e esperei-o curar. Enquanto esperava, senti o cheiro de vampiro e de lobisomens vindo de uma casa. Fui até a fonte e, através da porta consegui ouvir o nome Caius. Só pode ser um dos Volturi.
- Caius?! Claro que deve ser ele, mas o que Caius estará fazendo no Chile? Aqui não tem vampiros, pelo menos não sentimos o cheiro de algum. Caius não sujaria as mãos e sairia de Volterra por nada – Edward constatou – E mais, o que ele estará fazendo justamente na casa em que um vampiro foi executado?
- Eu tenho a pergunta que ganharia um Nobel – falou Emmett – O que Caius está fazendo com lobisomens? Ele os odeia!
- Eu tenho uma ideia – falou Alice – Que tal irmos até lá para descobrirmos tudo? De acordo?
- Tudo bem; vamos. Mas tenham cuidado – ponderou Carlisle.
- Mas antes, o que era aquela parede enorme que eu vi? – perguntou Claire.
- Uma ideia de Benjamin para derrubar os lobisomens, que funcionou muito bem, diga-se de passagem – Benjamin tentou rir e Edward foi explicar todo o plano.
Corremos pela orla da praia até que as casas ficaram visíveis. Decidimos ir pela água que era bem mais seguro. Nadamos por um bom tempo até que Claire, que colocava a cabeça para fora d’água de tempos em tempos, nos indicou o lugar em que a casa estava e saímos da água como aquelas velhas cenas de cinema: a cabeça saindo da água devagar e o corpo aparecendo gradativamente. Os olhos de Edward brilharam com a ideia de atores que não saia da sua cabeça, mas preferiu ficar quieto.
O casebre ficava colado a outras casinhas mais simpáticas e algumas pessoas ainda permaneciam nas suas respectivas portas, conversando. Jasper deu a ideia de Zafrina criar uma ilusão igual ao ambiente em que os habitantes estavam, onde, porém, não apareceríamos, e nem eles nos escutariam; a ideia funcionou perfeitamente. Aproximamo-nos e o cheiro do casebre era uma mistura de madeira, tinta seca, lobisomem, vampiro vivo e queimado. O cheiro doce era inconfundível e tomava toda a atmosfera. Ficamos do lado de fora, mas conseguíamos ouvir toda a conversa do lado de dentro.
- Eu não entendo. Juro que não – a voz arrogante era sem a menor sombra de dúvidas de Caius. Conseguia até ver seu longo cabelo branco movendo-se enquanto ele balançava sua cabeça; meus punhos se fecharam – E olha que eu já tive que entender coisas absurdas durante minha vida, como na vez que os Cullen... – ele fez uma pausa – Deixem para lá, expliquem-se.
- Senhor, ela conseguiu fugir – a voz era de um homem, cansada e arrastada – Ela fez uma coisa estranha e não conseguíamos nos mexer.
- Basta de desculpas, isso não importa. Eu sempre odiei lobisomens; eles são estúpidos de mais – ele falou como se os lobisomens não estivessem na frente dele.
- Desculpem-nos senhor...
- Vocês sabem do acordo. Se não seguirem minhas ordens estritamente como eu mandar, todos seus amiguinhos cachorros morrerão, assim como eu fiz no outro lado do oceano.
- Claro, claro, nós faremos – disse ele com urgência enquanto outro fungava. Pelo visto, o primeiro era o porta-voz.
- Ainda bem que a lua sumiu. Não consigo entender “cachorrês” e vocês fedem muito mais – um barulho de movimento pode ser ouvido; ao que parecia, Caius estava abanando a mão à frente do seu rosto – Graças aos céus que não preciso respirar, mas tenho se quiser falar, e como eu preciso. Tinha a filosofia de que não respirar era incômodo, mas vocês conseguiram extinguir esse pensamento...
- Senhor, eu conheço os Volturi e todo seu valimento no mundo vampiro, porém, soube que todos os líderes andam juntos.
- Isso é uma meia verdade. Não somos siameses, entende? Vim parar nesse fim de mundo depois que ouvi uma conversa de Aro com lobisomens. Aí tive essa ideia boba, entende? Mas vocês fizeram o favor de não trazer a pessoa certa.
- Já dissemos senhor, a vampira que o senhor quer não estava no táxi que explodiu. Enganamo-nos.
- É claro que se enganaram. Não importa. Eu ordenei a vocês que era para está aqui sendo queimada a mãe da menina sequestrada. Não fiz todo esse plano para nada - choquei; quase saiu um gritinho do fundo da minha garganta, mas Edward apertou meu braço levemente.
- Senhor, você pode explicar seu plano. Eu sei que já é a terceira vez que perguntamos, mas...
- Quarta – Caius cortou-o.
- Sim, quarta. Conte-nos e talvez possamos ajudar de alguma forma...
- Argh, certo. Bem, há aproximadamente quatro anos, fomos fazer um serviçinho com os Cullen. Tínhamos a justiça e a verdade ao nosso lado, mas eles nos humilharam na frente de dezenas de testemunhas, mostrando-os que nossa justiça não era válida. “Vamos levar testemunhas!”, frenesiou Aro; não sei para que o ouvi – gralhou Caius; tenho certeza de que ele levou metade daquelas testemunhas, entretanto, nunca iria admitir isso – De lá para cá, fomos chacoteados por vários vampiros, e tínhamos que aguentar calados. Quem diria? Os Volturi sendo chacoteados por reles vampiros! É verdade que eu mandei exterminar alguns desses, mas essa é outra história. Tive que superar e abaixar a cabeça para os Cullen, até que eu soube que a filha de Bella e Edward – ele cuspiu nossos nomes – tinha sido sequestrada. Pensei “o que eu posso ganhar com isso?”. Eu nunca deixaria barato o que eles fizeram comigo na nossa última visita, e eu tinha que fazer algo. Sou um dos líderes Volturi. Não posso ser contrariado. Aro sempre dizia que era para eu esquecer aquilo, todavia, eu podia ver no fundo dos seus olhos que ele falava aquilo por puro “protocolo”. Só dizia que teríamos que resolver o novo problema com os Cullen, mas isso não é da conta de vocês. Então, por sorte do destino, eu descobri quem sequestrou a menina e uma ideia explodiu na minha cabeça...
- Novo problema? Ele está apenas falando, não está pensando nisso – sussurrou Edward – Droga, ele deve ter séculos de prática nisso. Não consigo uma brecha para saber onde Renesmee está nem que problema é esse!
- ...Fui direto à fonte pegar o cheiro da menina para dar uma falsa pista aos Cullen, só não contava com Zafrina, Benjamin e Tia, fora aquela garota que vocês quase novamente trouxeram equivocadamente. Eu nunca a vi antes.
- É um plano muito engenhoso senhor – bajulou o lobisomem –, mas Aro não tem o poder de saber todos os pensamentos da pessoa que ele toca?
- É verdade, porém tive cuidado de ficar longe dele, por bastante tempo, para falar a verdade. Dizia que, o que ele quisesse saber, eu poderia falar. Ele não ia me obrigar a tocar nele.
- Realmente engenhoso senhor. Depois de tanto trabalho nós vamos nos esforçar agora. Basta a lua voltar a aparecer e nós traremos a vampira certa – o lobisomem parecia estar louco para sair dali.
- Eu sei que vão, mas tragam realmente a vampira certa – disse Caius com voz de comando; todos os Cullen e amigos, que estavam à espreita do lado de fora se olharam por um momento, mas um de nós foi o destaque –; quem deveria está queimando aqui era Bella e não essa egípcia muda.
A peruca de Tia caiu lentamente ao chão. Aquela frase pareceu vir do fundo de uma sepultura; só estava indecisa se era a sepultura de Tia, que estava literalmente morta, ou de Benjamin, que estava prestes a rachar.